É fácil rastrear os tumores colorretais e, com diagnóstico e tratamento precoces, as chances de cura são grandes
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia está todo iluminado de azul para alertar a população do município para o mês destinado à conscientização sobre prevenção, rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer colorretal. Ou seja, do intestino grosso. Cento e onze colaboradores da unidade, com mais de 45 anos, foram convidados a realizar o exame de sangue oculto nas fezes. Caso algum resultado for positivo, o paciente fará colonoscopia (exame de imagem) na instituição e, se necessário, será encaminhado para tratamento. Os tumores que surgem na região do cólon e do reto são responsáveis por 12% das mortes por câncer no mundo. Daí a preocupação da instituição em aderir à campanha.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, o câncer colorretal é o segundo mais incidente em mulheres, depois dos tumores de mama; e o segundo mais incidente em homens, depois do câncer de próstata. Isso, quando se descarta os tumores mais simples de pele. Ultrapassou inclusive o câncer de pulmão, que ocupava a segunda posição até muito pouco tempo de acordo com dados oficiais.
Para a médica Bruna Ribeiro, endoscopista do HMAP, o câncer colorretal é mais frequente em pessoas de 50 a 70 anos. Porém, a partir dos 45 anos é aconselhável exames de rastreio. “Trata-se de um câncer que pode ser prevenido, é facilmente rastreável e para o qual há cura, desde que sejam feitos diagnóstico e tratamento precocemente”, alerta Bruna.
De acordo com o médico endoscopista Sandro Andrade, também da equipe de diagnóstico do HMAP, são fatores de risco: obesidade; sedentarismo; dieta pobre em fibras, rica em carne vermelha, gorduras e processados; ingestão de alimentos muito torrados (hidrocarbonetos); tabagismo e consumo de álcool; histórico de doença inflamatórias do intestino e antecedente familiar de pólipos ou câncer colorretal. “Tendo ou não esses fatores de risco, a partir dos 45 anos é importante rastrear o câncer. No rastreio, feito pelo exame de colonoscopia, é possível encontrar e retirar lesões pré-malignas, que poderiam virar um câncer em cinco, dez anos. Por isso a prevenção é tão importante.”
Sandro ainda alerta para o fato de os sintomas, geralmente, não serem percebidos no início da doença. Daí a importância da prevenção e de fazer os exames de acordo com a orientação do médico pessoal. Sem rastreamento, o paciente pode só descobrir a doença tardiamente, sentindo algo apenas quando o tumor já estiver em estágio avançado.
O tratamento pode ser cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico. O oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Rodrigo Fogace, diz que, dentre os principais sintomas destacam-se o sangramento nas fezes, dor abdominal, alteração do hábito intestinal. “Qualquer mudança no hábito de evacuar deve ser reportado ao médico para afastar uma possível neoplasia colorretal”, adverte.
Depois dos 45 anos, a colonoscopia pode ser realizada a cada dez anos, caso não haja alterações no primeiro exame realizado nem histórico que indique repetir o exame de imagem com menor espaçamento de tempo. Caso o laudo do exame aponte alterações, o paciente receberá orientações médicas.
O coordenador médico da equipe de diagnóstico do HMAP, Luiz Fernando Alves Ferreira Filho, afirma que a colonoscopia é um exame invasivo, mas realizado com sedação leve e sem grandes riscos ao paciente. Apesar de exigir uma preparação com medicação e dieta no dia anterior, o paciente em geral sai bem da sala de exame. O médico diz não existir outra ou melhor forma para a detecção precoce do câncer de intestino.
Texto: Bárbara França Edição: Fernanda Lambach
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