Ação visa conscientizar os colaboradores em relação ao tema
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) realizou na tarde desta segunda-feira, 22, uma palestra com tema ‘Racismo Institucional e Saúde da População Negra’ para colaboradores da unidade, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
A atividade, idealizada pela coordenação de humanização da unidade, contou com a presença de representantes da Coordenadoria de Igualdade Racial de Aparecida de Goiânia e da subcoordenadora de Política da Saúde da População Negra da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, Fabíola Rosa Santos.
O coordenador da Igualdade Racial do município de Aparecida de Goiânia, André Luiz Barbosa, ressaltou a importância dos Direitos Humanos. “Os Direitos Humanos são o conjunto de normas e procedimentos que possibilitam uma pessoa ter direitos considerados inalienáveis, como o direito à justiça, à liberdade e à igualdade somente por estar viva e existir”, explicou.
A assessora da coordenadoria, Maria Luiza abordou o racismo e suas múltiplas manifestações. “O racismo é um conjunto de práticas de uma determinada raça/etnia que, estando em situação de favorecimento social, coloca outras raças em situação desfavorável, enquanto exaltam, direta ou indiretamente, a sua própria. Essas práticas podem ser conscientes ou não, propositais ou não”, destacou.
Maria Luzia ressalta que o racismo se manifesta de diversas formas. “No plano individual, das relações interpessoais; no plano institucional; no plano estrutural, que é onde se revela de forma ainda mais complexa. O racismo estrutural é a naturalização daquilo que não é ‘natural’, mas algo construído histórica e socialmente”, afirmou.
Para o coordenador de humanização do HMAP, Renan Mamedes, o objetivo da palestra é conscientizar os colaboradores em relação ao tema. “Com a educação continuada em saúde, essa tomada de consciência não se faz apenas entre as pessoas negras, mas também entre as pessoas brancas. Assim, enxergamos todos os privilégios que possuímos, o que nos permite mudar a forma de agir perante situações de injustiça e transformar nossas ações para que atitudes racistas não sejam reproduzidas no ambiente hospitalar, e assim prestar um bom atendimento a toda população que procura a unidade de saúde”.
Saúde da População Negra
O fundador da Associação de Anemia Falciforme — Karoliny Vitória, João Ivan Ferreira, falou sobre a conscientização dos profissionais de saúde em relação à doença “A pessoa com anemia falciforme, se receber o tratamento correto, consegue conviver com a doença. A associação visa conscientizar sobre os cuidados com a pessoa com a doença”, destacou.
De acordo com João Ivan, a Anemia falciforme atinge cerca de 8% da população negra no Brasil. “A doença falciforme é hereditária e se caracteriza pela mudança na estrutura dos glóbulos vermelhos, que assumem formato semelhante ao de uma foice ou meia-lua. Assim, há dificuldade no transporte de oxigênio entre as células e até obstrução nos vasos sanguíneos. O fenômeno provoca anemia e outros sintomas que vão desde dores nos ossos e nas articulações até infecções e atraso no desenvolvimento”, explicou
Em sua apresentação, a subcoordenadora de Política da Saúde da População Negra da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, Fabíola Rosa Santos, falou sobre a saúde da população negra. Ela explica que a Política Nacional da Saúde Integral da População Negra é um recorte do Sistema Único de Saúde (SUS) para atender, assegurar o acesso e manutenção da pessoa negra nos serviços de saúde.
“Nós temos um sistema de saúde que é para atender toda sua população de forma igualitária, tanto no acesso quanto no acesso e permanência do serviço. Mas ao observarmos a saúde no Brasil, ela não é para a pessoa preta. Essa constatação parte de um estudo que acontece há mais de 30 anos sobre os serviços de saúde no Brasil, e, que mostra o quão discrepante é o atendimento para um grupo populacional em detrimento ao outro. E esse diferente tende negativamente para a população negra”, afirma.
A profissional ressalta que a palestra no HMAP fomenta a aplicabilidade da política e o respeito ao cidadão. Mostra que a unidade hospitalar busca qualificar o atendimento, o acesso e o respeito às pessoas pretas. “A Secretaria de Saúde de Goiás já desenvolve esse trabalho, mas quando a iniciativa parte da unidade de saúde mostra que ela tem interesse em qualificar e melhorar o atendimento”, conclui.
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